Noite fechada trouxe-me aqui ao alto portão de ferro Agarro-me às grades como um escravo da luz de breu Passo o portão e em dois passos estou na abadia que parecia distar léguas Um cheiro fétido a suor e a burel revelam um monge que me fita silencioso Trespassa-me uma ventania de claustro e o piso antes terroso é agora de pedra Não consigo articular uma palavra apenas sons abafados pelos sinos que me ensurdecem Os olhos de dentro do capuz indicam agora um rectângulo da laje Gravado está o meu nome o dia do meu nascimento e o desta noite.
Agosto de 2000
(com alterações)
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