sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

AI OS TRÊS

Era as praxes
Uma vez e os
Três buracos
Não do banco
Português de
Negócios nem
Seus oitenta e
Cinco mirós que
Nossos eram mas
Os três ai os três
Buracos do presidente
Francês.


4/14.II.2014

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

ASFALTO

Seca-te a garganta
A poeira que não sabes de onde vem
É o pó do deserto a entranhar-se
Nos teus canais   tu que passas
A vida a inspirar fumo dos escapes
Pois o asfalto foi a tua única aspiração.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

FIM DE TARDE

Um pinheiro gigantesco guarda a pequena piscina diante do varandim. A relva decliva. Abertas as portadas, nos caixilhos os vidros como espelhos. Um potro passa por fora da vedação. 18 e 15 do 15 de Setembro de 2013. Um estúpido galo canta. Ainda não sacrificadas pelos incêndios, cobrem de verde os montes copas de incontáveis árvores. Um motor ao longe, na estrada que liga terras de bouro à estância termal do gerês. Um camião, por vezes percebe-se, a transbordar a água do fastio que brota destes cerros. Oiço a voz e o piano da nina simone em little girl blue, disco sem mácula. Bebo café em chávena dupla e preparo-me para fumar. Deixo de escrever

sexta-feira, 26 de julho de 2013

NEM TUDO...

Nem tudo o que aqui fica merece o papel.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

DA MORTE EM VIDA

Eu digo-te como é
A cara dos que sofrem
Muito aqueles que
As tuas lágrimas não 
Salvam e haviam já morrido
Quando deste por eles. 

É a cara da
Surpresa pelo 
Limite do 
Suportável da
Existência há
Muito passada.

Eles vivem sem 
Querer viver contra 
Eles vivem e nós miramos
De longe o rosto 
Da dor a máscara
Da desesperança a
Morte em vida.


Outubro 2008



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

QUASE TODOS

Lareira que me acolhe em
Novembro quase estranho
Numa sala do ribatejo mexe
Nemésio as mãos sábias e pose
De cão de estar na tv preta
E branca sobre um parapeito
Com estante e dezenas de
Livros da colecção vampiro.

Quentes as vozes dos anfitriões
E as nossas.

Quase todos mortos.

26/27-II-2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DO MERECIMENTO

Rápida   esguia
Apanhado o cabelo   oh
Tão bem apanhado
Passas-me por baixo
Da janela e nem suspeitas
Que o vislumbre dos teus quadris
Adivinhados sob o longo casaco
Doutra época os sapatos dum
Castanho eduardino ou vitoriano
E o teu cabelo apanhado   oh
Tão bem apanhado   nem suspeitas
Me mereceram este poema.

19/21-II-2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

ÁRVORE -- atraiçoo Mario Benedetti

Era uma árvore sem nome que à noite
não em todas as noites mas em algumas
se tornava quase luminescente
como um tic vegetal da sua alegria

mas as corujas e os morcegos
as corujinhas e os mochos
ficavam tão perplexos
que desapareciam

e no entanto ela era assim
porque aquela árvore albergava
um sentimento em cada folha
e a luminescencia apenas era
a excitaçao do seu coração

numa noite de tempestade
um raio abrigou-se na sua copa
mas esta não apagou as suas luzes
e o raio desfez-se

há que ter em atenção
que em cada amanhecer
a árvore apagava-se
isto é dormia

às vezes despertava
cheia de passarinhos
mas não era a mesma coisa

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O QUE INTERESSA

Esmifra-te pá!

Instalado copo
Na mão cigarrilha
Entredentes tenho
O cinismo para tirar
O insuficiente do que
Escreves para existir.

Mantém-te pobre pá
Incorrupto e só
Só durante o tempo
Que o talento to permitir.

Não tenho a coragem
Do teu sofrimento se
Fores dos meus deixarás
Gargalo e mortalha e
Passarás empoltronado
Ao amor que  segura.

Passarás ao que interessa.

I/II - 2013

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ESTORIL (CASA)

Uns partiam
Eu ficava
Outros eram presos
Eu ficava
Alguns morriam
E eu ficava.

Mundo fora 
Do mundo e fora 
Do tempo vestígio 
Único brilho de 
Empréstimo quando
Tudo à volta era 
Roto pobre e feio.

domingo, 23 de dezembro de 2012

DOS RESTOS DE HUMANIDADE

Como sobreviver
À merda que nos sai
Ao peido nauseante?

Beethoven traquejava
Eu sei isso alivia-me
Misericórdia porém

Como esquecê-lo quando
O mesmo chanel passa
Uma e outra vez e entumece?

Como não rir do patriarca
Em massagem de natal
Do pr nos votos de ano bom?

É fodido.
23-XII-2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PRAIA

Praia.

Quando tudo era possível.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O QUE PASSA

Um sol morno que perfura as nuvens e te aquece
Uns seios que apetece trincar
O cheiro molhado da terra
O cão que te abana a cauda
O encontro no chegar a casa
A ilusão de óptica nas jantes dum carro inglês
Aquela frase que te saltou do livro
O verso que veio ter contigo
Um looping de avioneta no céu de cascais
Um vestido curto de fêmea
Uma bica com café do nabeiro
Um sax que não se sabe de onde vem.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CHUVA

E havia
Aquelas tardes de 
Outono quando 
chuva aparecia 
Sem avisar a praia 
Convidava ao puro 
Repouso sem outra 
Coisa em mente que 
Não o escorregar da 
Areia por entre os 
Dedos à cadência de 
Cada onda a 
Estatelar-se com
Estrondo.


Ficávamos 
Por ali, indiferentes 
À moinha, gratos 
Pelo que a vida 
Nos dava, sem 
Pedir nada em 
Troca.

Maio 2008

terça-feira, 30 de outubro de 2012

NUM COMENTÁRIO A NINA RIZZI

Mágica Rua dos Douradores, tão audível, tão palpável...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

TARDES

O sol ainda aquecia pelas sete
Das tardes de setembro a praia
Estava por nossa conta e não
Queríamos voltar para casa 
Entrávamos na água com o
Estrondo ecoando no areal vazio.

Soltávamos insultos a nós e
Às nossas mães quebrávamos
Os interditos cheios de inocência.

A vileza vinha longe.

Maio, 2008

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

JORNAL

Ainda estava tudo para acontecer quando lias no diário de lisboa as tiras do tio carlos
As inundações de 67 o sismo de 69 o 25 de abril de 74
A vida já era complicada mas não ligavas grande coisa à vida. 

A vida  continua estranha e dás-lhe pouco cavaco
 te apetece pegar no diário de lisboa que já não existe 
E ir à procura de mais uma aventura do tio carlos.

Maio 2008 /
/ Outubro 2012



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

YOU'RE GOING TO LOSE THAT GIRL

A timidez é uma fraqueza
Da alma a cobardia de ser.

Yes yes you’re going to lose that girl.

domingo, 14 de outubro de 2012

DA PERDA

As mães dão-nos (a)o mundo, e levam uma porção de nós com elas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

MODO DE SER

À finura   prefiro a raça
À astúcia   a ingenuidade.